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Documentário sobre lenda viva do jazz nacional estreia este mês de Março em Lisboa e Salónica

Precisamente um dia antes da sua estreia internacional em Salónica, na Selecção Oficial do maior festival do sudeste Europeu [Thessaloniki Documentary Festival], a Blablabla Media ante-estreia este mês na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, o seu mais recente documentário. Realizado por Filipe Araújo, numa produção para a RTP, A Sétima Vida de Gualdino acompanha a atípica terceira idade do mais lendário e desconhecido baterista vivo do jazz português. Um filme para ver pela primeira vez, na noite de Quinta-feira, dia 13

5Filmada ao longo de um ano entre Lisboa, Porto e Paris, a longa documental dá a conhecer ao público o músico autodidacta que lançou nos palcos Jorge Palma, Bernardo Sassetti, Dany Silva e Filipe Melo, entre cerca de outros quase 500 jovens músicos inexperientes. Conta com animações originais do ilustrador André Carrilho, música do guitarrista André Fernandes e a sinopse resume-o assim: “No culminar de uma vida rocambolesca preenchida de aventuras, desventuras e proezas surreais, Gualdino Barros sofre um acidente vascular cerebral. Fica inicialmente paralisado de metade do corpo, mas nem por isso a sua teimosia se deixa de impor. A missão ambiciosa passa por recuperar os movimentos de forma a po-der tocar bateria, lançar uma última cantora e regressar a Paris, onde tocou com Nina Simone e chegou a viver debaixo da ponte”.

Site Oficial | Cinemateca Portuguesa

 

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Barros, Gualdino Barros

Quem é afinal Gualdino Barros, a lenda-viva do jazz português retratada pelo documentário A Sétima Vida de Gualdino, de Filipe Araújo? A uma semana da ante-estreia nacional, a Blablabla Media traça-lhe o perfil da personagem

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Aos 75 anos, Gualdino Barros será tudo menos um homem pouco vivido. Engenheiro de formação e lenda-viva do jazz português, o franzino baterista que chegou a acompanhar Nina Simone e Johnny Griffin nas “vassouras” terá provavelmente o curriculum mais multifacetado do país.

De músico de rua a instrumentista do respeitadíssimo Blues Bar, em Paris, o “pai do jazz nacional” ajudou na cozinha de hotéis, foi auxiliar de limpeza em canis, serviu na missa como sacristão, jogou como interior esquerdo no Sporting de Braga, deu aulas de matemática e de física, trabalhou como operário fabril, passou uma temporada no circo e até como actor deu os ares da sua graça, contracenando com Mickey Rooney, levando Zafirelli à beira de um ataque de nervos e assustando simples seres humanos, na pele de zombie, em “I’ll See You In My Dreams”, de Filipe Melo.

Pelo caminho, tornou-se uma referência no meio. Mais do que nada por dedicar os seus últimos 30 anos de vida a adoptar, aconselhar, formar e lançar no circuito musical centenas de jovens inexperientes. Jovens como Jorge Palma, Bernado Sassetti, ou Dany Silva.

Quis no entanto o destino que, já na terceira idade, Gualdino fosse surpreendido por um AVC que lhe retirou a força do lado direito do corpo. Mas nem assim desistiu. Após treze dias de depressão aguda na cama do hospital, levantou-se e não descansou enquanto não pôs mãos ao seu novo projecto de reaprender a tocar bateria. O objectivo era claro: voltar aos palcos antes da “grande viagem” e lançar uma última cantora. Uma pequena-grande epopeia para acompanhar agora em “A Sétima Vida de Gualdino”.

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