O ano começa bem para A Menina com os Olhos Ocupados, de André Carrilho. Depois de viajar por mais de 70 festivais e arrecadar novos prémios, a primeira animação da Blablabla Media volta já este mês aos ecrãs do Cinema São Jorge, em Lisboa, dentro do contexto do Festival Monstra, onde se encontra a concurso em dose dupla. A notícia coincide com os anúncios das nomeações da obra aos Prémios Sophia e Quirino, onde se encontra como finalista em três categorias
Lisboa, Annecy, Roterdão, Seoul, Genebra, Bruxelas, Londres, Tóquio, Marselha, Tallinn, Nova Iorque, Atenas, Budapeste, Kiev, Doha. Eis algumas das várias paragens da intensa tour internacional da premiada curta-metragem de animação A Menina com os Olhos Ocupados, este mês de regresso ao local onde pela primeira vez se mostrou ao mundo enquanto filme de abertura da edição de 2024 do Festival Monstra.
Agora em competição nas seleções nacional e internacional daquele mesmo festival, o filme de André Carrilho poderá voltar a ser visto nos ecrãs do Cinema São Jorge de dia 24 a 30 de março, dentro do programa da Competição Curtas 1.
A notícia chega-nos no seguimento dos Prémios no IndieJúnior Porto e Festival PLAY, e do anúncio de quatro relevantes nomeações. Com efeito, A Menina encontra-se nomeada a Melhor Curta Metragem de Animação nos Prémios Sophia, da Academia Portuguesa de Cinema, e é finalista daquele que é considerado o maior e mais importante evento da animação ibero-americana, os Prémios Quirino. Melhor Curta Metragem de Animação Ibero-Americana, Melhor Desenvolvimento Visual, e Melhor Desenho de Som e Música Original são as três categorias em que está indicado a prémio.
Baseada no legado de Fernando Ruiz Vergara, cineasta censurado e banido em plena democracia espanhola, Caixa de Resistência estreia nas salas portuguesas a 27 de março. A nova co-produção da Blablabla Media é, para a imprensa do país vizinho, “um dos melhores documentários de criação do ano”
Caixa de Resistência, filme ibérico realizado por Concha Barquero Artés e Alejandro Alvarado Jódar a partir do legado do cineasta espanhol exiliado em Portugal Fernando Ruiz Vergara (Sevilha, 1942 – Escalos de Baixo, 2011) estreia nas salas de cinema a 27 de março.
A mais recente co-produção da Blablabla Media, também distribuidora da obra no nosso país, pretende dar continuidade aos filmes sonhados pelo cineasta andaluz, que, após décadas de vida em Portugal, onde viria a terminar os seus dias, deixou dezenas de esboços de filmes que nunca chegou a realizar, tendo apenas concluído Rocío (1980), uma das primeiras obras censuradas pela democracia espanhola.
“Em 2010, encontrámos Fernando Ruiz Vergara na aldeia portuguesa onde se exilou após a censura ao seu único filme, Rocío. Este documentário sobre a peregrinação mais popular daq Península Ibérica desmontava as relações entre o poder religioso, político e económico na Andaluzia. Rocío foi apreendido e censurado judicialmente nos primeiros anos da democracia por denunciar um dos autores de crimes fascistas após o golpe militar de 1936 que despoletou a guerra civil. Atualmente, a versão original de Rocío continua a ser proibida em Espanha. Fernando nunca mais conseguiu fazer outro filme”, afirmam os realizadores.
Rodado entre a Andaluzia e Portugal e já aclamado pela crítica do país vizinho com um dos documentários de criação do ano, Caixa de Resistência, recebeu o Prémio Doc España na SEMINCI – Festival Internacional de Cine de Valladolid, Prémio de Melhor Filme no L’Alternativa – Festival Internacional de Cine de Barcelona e o Prémio do Júri Jovem no Márgenes – Festival Internacional Cine de Madrid, tendo sido apresentado no nosso país na última edição do Porto/Post/Doc e no Caminhos do Cinema Português, em Coimbra.
O filme, que resulta de uma co-produção entre Portugal e Espanha (Azhar Media e Alvarquero), foi integralmente rodado entre os dois países, com um protagonista também ele dividido entre os dois lados da fronteira.
“Fernando foi um cineasta autodidata espanhol que se formou através das cooperativas cinematográficas de Lisboa na efervescência do 25 de Abril. Tão forte se tornou aí o seu vínculo a Portugal, que, nos anos 80, seria esta a terra que escolheria para viver e escrever os seus projetos fílmicos, sem exceção, interrompidos — um deles, com a participação de Otelo Saraiva de Carvalho; outro, com o trabalho nas minas da Panasqueira como pano de fundo… Universos que, a partir das notas de Vergara, Concha e Alejandro foram recuperando ao longo dos anos, condensando-os e re-imaginando-os nesta Caixa de Resistência”, declara a produtora Hemi Fortes.
“É definitivamente uma obra muito especial”, reforça o produtor Filipe Araújo, incentivando o público a descobrir esta “preciosa matrioska” já a partir da última semana do mês nos cinemas City Alvalade, Leiria, Setúbal e Alfragide, Casa do Cinema de Coimbra, e Cineplace Funchal, Covilhã e Guarda. “Um raro contributo para a reposição da memória e da justiça histórica através do gesto poético do cinema.”
SEMANA DE 6 A 12 DE ABRIL
Cinema City Alvalade: diariamente – 21:45
SEMANA DE ESTREIA
Cinema City Alvalade: diariamente (excepto sexta) – 19:40; sexta – 21:45 Cinema City Leiria: sábado e domingo – 13:15; demais dias – 15:15 Cinema City Setúbal: sábado e domingo – 13:20; demais dias – 15:30 Cinema City Alfragide: sábado e domingo – 13:30; demais dias – 15:40 Cineplace São João da Madeira: diariamente – 19:55 Cineplace Covilhã: diariamente – 18:50 Cineplace Guarda: diariamente – 19:10 Casa do Cinema de Coimbra: sexta – 18:45, sábado – 14:30